Segundo Domingo do Tempo Comum

Este foi o início dos sinais de Jesus. Ele o realizou em Caná da Galileia e manifestou a sua glória, e seus discípulos creram nele - João 2,11.

 

A vida Cristã e a dinâmica das Bodas de Caná

Frei Gustavo Medella

 

Reflexão em vídeo de Frei Gustavo Medella: Caminhos do Evangelho | 2º Domingo do Tempo Comum

 

“Eles não têm mais vinho!” Pode parecer até um fato inusitado, mas não é incomum que o vinho venha a faltar, especialmente quando pensamos em nossa frágil humanidade. Às vezes nos falta o vinho do bom senso, da paciência, da generosidade, da gratidão, da alegria… Com frequência, nossos reservatórios não estão tão cheios destas e de outras virtudes o quanto gostaríamos que estivessem. Em ocasiões mais críticas, chegam a se esvaziar quase totalmente. A falta de perspectiva e de sentido naquilo que somos e fazemos pode tornar o nosso dia a dia “aguado”, e assim a alegria da festa se esvaece diante da preocupação pela falta do principal.

Jesus não dá de ombros diante de nossas aflições e deseja nos mostrar que é no discreto e no silencioso de nossa existência que devemos insistir para reencontrar o sabor de viver e de festejar. A partilha de preocupação de Maria, o enchimento das talhas, a transformação da água em vinho, tudo foi operado nos bastidores, sem alarido ou espetáculo. O efeito milagroso, no entanto, foi notado e partilhado por todos os convidados da festa.

A vida cristã, quando abraçada neste espírito de proximidade e abertura à ação de Deus, assume esta mesma dinâmica das Bodas de Caná. É silenciosa, mas transformadora; discreta, mas decisiva; simples, mas capaz de profundas mudanças, sempre para melhor, à exemplo do vinho novo distribuído quase no fim da festa.


FREI GUSTAVO MEDELLA, OFM, é o atual Vigário Provincial e Secretário para a Evangelização da Província Franciscana da Imaculada Conceição. Fez a profissão solene na Ordem dos Frades Menores em 2010 e foi ordenado presbítero em 2 de julho de 2011. 

 

2º Domingo do Tempo Comum

Reflexão do exegeta Frei Ludovico Garmus

 Oração: “Deus eterno e todo-poderoso, que governais o céu e a terra, escutai com bondade as preces do vosso povo e dai ao nosso tempo a vossa paz”.

  1. Primeira leitura: Is 62,1-5

A noiva é a alegria do noivo.

O texto escolhido para a primeira leitura pertence à 3ª parte do livro do Profeta Isaías. O povo que estava no exílio (Is 40–55: II Isaías) havia retornado à sua terra, onde encontrou uma realidade dura e desanimadora. O profeta anônimo de Is 56–66, procura reanimar a fé e a esperança em Deus, pois ele jamais abandona seu povo. Os exilados esperavam encontrar uma terra disponível, fácil de ser retomada. Mas as terras dos antigos proprietários foram ocupadas pela população mais pobre, que permanecera no país, dominado pelos babilônios (cf. 2Rs 24,14; 25,12). Em consequência, surgiram muitos conflitos de ordem social, econômica e religiosa. Jerusalém, símbolo da união do povo, precisava ser reconstruída e seu culto, restaurado. Era urgente reunificar o povo. Para tanto, o profeta lança os alicerces da restauração. Reanima a fé no único Deus, a esperança na sua salvação e no seu amor fiel. Em nome de Deus ele diz: “Por amor de Sião não me calarei… não descansarei, enquanto não surgir nela… a justiça e a salvação”. A salvação, porém, passa pela prática da justiça na sociedade humana. Deus é justo enquanto salva o pecador arrependido e pune quem não pratica a justiça. O autor de nosso texto recorre à imagem de Deus como esposo de Israel (Jerusalém e seu povo), muito utilizada pelos profetas (cf. Os 2; Jr 2,2; Ez 16). De fato, os que ficaram na terra queixavam-se por Deus ter deixado Jerusalém abandonada, como viúva sem filhos (Lm 1,1). Os exilados, por sua vez, tinham sentimentos parecidos: “O Senhor me abandonou, meu Deus me esqueceu” (Is 49,14). O profeta anuncia que, agora, Deus vai retomar sua esposa Jerusalém junto com seus filhos: “Como a noiva é a alegria do noivo, assim também tu és a alegria de teu Deus”. – O vínculo principal que nos une a Deus e aos irmãos é o amor fiel, simbolizado pelo amor entre homem e mulher, e acompanhado pela prática da justiça.

Salmo responsorial: Sl 95

Cantai ao Senhor Deus um canto novo,

manifestai os seus prodígios entre os povos!

  1. Segunda leitura: 1Cor 12,4-11

Estas coisas as realiza um e o mesmo Espírito,

que distribui a cada um conforme o seu querer.

Paulo escreve longamente aos cristãos recém-convertidos em Corinto, explicando o valor e os limites dos dons do Espírito (1Cor 12–14). Aos que consideravam o próprio dom mais importante que o dos outros, Paulo diz: a) Os diferentes dons/carismas provêm do mesmo Espírito; b) são manifestações do Espírito, que devem resultar em serviços (ministérios) e atividades, em vista do bem comum; c) o Espírito distribui os seus dons “a cada um conforme quer”. Poderíamos dizer que o Noivo Jesus (1ª leitura e Evangelho) nos concede os dons do Espírito, não como diadema para embelezamento pessoal, mas como avental, para melhor lavar os pés dos irmãos (cf. Jo 13).

Aclamação ao Evangelho: 2Ts 2,14

O Senhor Deus nos chamou, por meio do Evangelho,

a fim de alcançarmos a glória de Cristo.

  1. Evangelho: Jo 2,1-11

Jesus realizou este início dos sinais em Caná da Galileia.

O evangelista João, após o prólogo (1,1-18), fala do batismo de João Batista, do testemunho que ele dá sobre Jesus e da vocação dos primeiros discípulos de Jesus (1,19-51). O Batista apresenta Jesus a seus discípulos como “o cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo”. E acrescenta: ”Eu vi o Espírito Santo descer do céu em forma de pomba e permanecer sobre ele” (1,29.32). Mais tarde, sabendo que Jesus também batizava, João apresenta-o como o Cristo, o noivo que o povo de Deus esperava, e comenta: “Quem tem a noiva é o noivo. O amigo do noivo está presente e o ouve, muito se alegra com a voz do noivo. Pois é assim que minha alegria ficou completa” (3,29).

No evangelho de hoje, o “noivo”, anunciado por João Batista, entra em cena no contexto de uma festa de casamento. Entre os convidados da festa estavam “a Mãe de Jesus”, Jesus e seus discípulos. Jesus participa, com Maria e os discípulos, da alegria do jovem casal, que celebra sua união de vida e de amor. Os jovens festejam a fundação de sua nova família. No contexto desta alegre festa, Jesus celebra também o início de sua nova família. Ele é o noivo que vem ao encontro de sua noiva, o povo de Israel (1ª leitura). Da nova família já fazem parte sua Mãe e os discípulos que “creram nele” (2,11; cf. 1,35-51). Maria avisa a Jesus que o vinho estava acabando, o que comprometeria a festa. A festa não podia acabar. O banquete e a abundância de vinho caracterizam os tempos escatológicos da vinda do Messias (Is 25,6-8; Am 9,11-15). Jesus parece esquivar-se diante da observação de Maria sobre o vinho e diz: “Ainda não chegou a minha hora”. A “hora” de Jesus é sua exaltação pela morte na cruz e sua gloriosa ressurreição, tratada em Jo 13–20. Maria, porém, apressa esta “hora” sugerindo o primeiro “sinal” de Jesus: “Fazei o que ele vos disser”. Os sinais/milagres são tratados em Jo 2–12 e preparam a “hora” de Jesus. As seis talhas que Jesus manda encher de água lembram os ritos de purificação dos judeus. Assim, a água transformada em vinho marca a superioridade de Jesus e de sua mensagem frente à Lei de Moisés. A presença do Messias caracteriza-se pela alegria de uma vida nova, como a do casal de noivos na festa de seu casamento. Jesus é o Messias, o Noivo que se une à sua noiva, Israel, doando-lhe o seu corpo e derramando seu sangue (vinho) na cruz, até a última gota (Jo 19,33-34).


FREI LUDOVICO GARMUS, OFMé professor de Exegese Bíblica do Instituto Teológico Franciscano de Petrópolis (RJ). Fez mestrado em Sagrada Escritura, em Roma, e doutorado em Teologia Bíblica pelo Studium Biblicum Franciscanum de Jerusalém, do Pontifício Ateneu Antoniano. É diretor industrial da Editora Vozes e editor da Revista “Estudos Bíblicos”, editada pela Vozes. Entre seus trabalhos está a coordenação geral e tradução da Bíblia Sagrada da Vozes.

 

Somos um só corpo com Cristo

Frei Clarêncio Neotti

O vinho era considerado uma bebida de imortalidade, a bebida do amor divino, a expressão da força de Deus, que penetra e inebria o coração das criaturas. O vinho lembrava de perto a divindade. A água, por sua vez, era considerada a matéria-prima da vida. Até hoje, aliás. Sempre foi considerada a primeira entre todas as necessidades essenciais das criaturas. A água, então, tornara-se símbolo da vida. Temos, portanto, dois símbolos: um, da vida divina, que se derrama sobre a humanidade; outro, da vida humana à espera da vida divina.

A missão de Jesus é fazer da água vinho, ou seja, divinizar a humanidade, fazer com que a criatura humana, apesar de sua fragilidade, participe da natureza divina (2Pd 1,4). O gesto de Jesus de transformar hoje a água em vinho é um retrato de toda a sua missão. E ele a cumpriu de maneira perfeita. A água não só virou vinho, mas vinho excelente, melhor do que o vinho anterior (v. 10). Havia santos no Antigo Testamento (recordemos Enoque, Abraão, Moisés, Elias, José do Egito, o profeta Isaías), que podiam ser comparados ao bom vinho.

Mas, depois da passagem de Jesus pela terra, depois que ele desposou a humanidade, introduziu-a no lagar da Cruz redentora e se uniu a ela, a humanidade se transformou em Cristo, porque “quem está em Cristo é criatura nova” (2Cor 5,17), e “Cristo será tudo em todos” (Cl 3,11), e todos formamos “um só corpo em Cristo” (Rm 12,5).


FREI CLARÊNCIO NEOTTI, OFMentrou na Ordem Franciscana no dia 23 de dezembro de 1954. Durante 20 anos, trabalhou na Editora Vozes, em Petrópolis. É membro fundador da União dos Editores Franciscanos e vigário paroquial no Santuário do Divino Espírito Santo (ES). Escritor e jornalista, é autor de vários livros e este comentário é do livro “Ministério da Palavra – Comentários aos Evangelhos dominicais e Festivos”, da Editora Santuário.

 

Houve bodas em Caná da Galileia

Frei Almir Guimarães

Jesus distribui o “bom vinho” da felicidade prometida para os últimos tempos. Nunca é tarde para aprender a viver com mais profundidade. Aquele Jesus que iluminou com sua presença as bodas de Caná pode ensinar aos esposos cristãos a beber um “vinho ainda melhor” (José Antonio Pagola)

 Caná da Galileia, uma minúscula aldeia da montanha situada a quinze quilômetros de Nazaré. O quarto evangelista descreve elementos e pormenores de uma festa de casamento. A cena tem um caráter claramente simbólico. Não se sabe o nome do esposo e da esposa. A figura central é Jesus. A história nos ensina que nas cidadezinhas do campo a festa de casamento tinha muita importância e durava alguns dias. Comida, bebida, festa, danças. Certamente muito vinho. A mãe de Jesus, de repente, se dá com que não havia mais vinho. Como é que os convidados poderiam continuar a cantar e dançar sem essa bebida que alegra o coração do homem. Jesus aceitará de colocar ali o “primeiro sinal” que aponta para o Reino que ele vem instaurar conosco e para o bem da humanidade.

 O tema da novidade e da alegria perpassa a narração. Com a falta de vinho falta alegria naquela festa e na festa do mundo. Ao transformar a água em vinho Jesus traz alegria. Havia na casa jarrões de barro com água para os ritos purificatórios dos judeus. Aquela água é transformada em vinho. O antigo fica novo. Jesus é a novidade. Encerrou-se um modo de estar com Deus e de adotar comportamentos legais. Os que quiserem viver a festa da vida serão aqueles que haverão de sorver do vinho novo que é Jesus.

 Bodas, festa, intimidade dos esposos, amor esponsal. Fundamental que nossos relacionamentos com o Senhor se revistam de respeito, mas também de carinho e de intimidade. A primeira leitura da liturgia desse domingo, tirada de Isaías, coloca nos lábios de Deus palavras de imensa ternura: “Não mais te chamarão de Abandonada, e a tua terra não mais será chamada Deserta; teu nome será minha Predileta e tua terra será a Bem-Casada, pois o Senhor agradou-se de ti e a tua terra será desposada. Assim como o jovem desposa a donzela, assim teus filhos te desposam; e como a noiva é a alegria do noivo, assim tu também é a alegria de teu Deus”. Linguajar amoroso. Não deveríamos todos alimentar e nutrir com o Senhor um relacionamento esponsal.

 Nota-se no texto de João uma intervenção de Maria. A mulher é sempre mais atenta aos detalhes de uma recepção. Ela vai dizer ao Filho que o vinho tinha acabado. João, é claro, insinua que se trata do vinho da felicidade dos filhos de Deus com o Pai. Essa água transformada em vinho lembra o momento da chegada da hora de Jesus. Quando ele derramar seu sangue rubro como o vinho poderá acontecer a felicidade para o buscarem com coração sequioso e humilde. Retemos em nosso ouvidos uma palavra de Maria na ocasião: “Fazei o que ele vos disser”. Não é esta a missão da Mãe do Senhor e nossa Mãe a nos repetir: “Façam tudo o que meu filho mandar”?

 A leitura do episódio das Bodas de Caná nos leva a pensar nos casamentos de hoje e de todos os tempos. A cada momento entram por nossos olhos cenas conjugais. Desde pequenos estivemos presenciando o amor de nosso pais. Delicadezas, serviços prestados, mãos dadas e corações unidos. Os verdadeiros casais se unem pelos laços do bem querer. Num determinado homem e mulher se escolhem com discernimento e livremente. Fazem-no com um desejo e empenho do para sempre. Um bem-querer irresistível deles toma conta e se entregam mutuamente para a aventura (ou ventura) da conjugalidade e da paternidade. Alguns se unem de qualquer forma e não conseguem viver um grande amor. Ficam nos prolegômenos. Outros, mesmo sem viverem uma fé religiosa, se unem na solidez do dom mútuo. O mundo precisa de homens e mulheres que saibam o que estão fazendo quando se casam.

 Os cristãos começam sua vida a dois com a celebração do sacramento do matrimônio. O amor conjugal cristão pretende ser uma “propaganda” do amor de Deus pela humanidade. Pagola coloca na boca dos noivos as razões e o sentido do sacramento: “É isto que os noivos querem dizer: ‘Nós nos amamos com tal verdade e fidelidade, com tanta ternura e entrega, de maneira tão total, que nos atrevemos a apresentarmos nosso amor como ‘sacramento’, isto é, sinal do amor que Deus nos tem. Daí em diante, quando virdes como nos amamos podeis intuir, ainda que seja de maneira deficiente e imperfeita como Deus vos ama” ( Pagola, João, p.55).

 Esposo e esposa, dois buscadores das estrelas, dois ardorosos discípulos do Senhor. O amor íntimo que eles celebram e desfrutam, os gestos de carinho e de ternura que trocam entre si, a fidelidade que vivem dia a dia, tudo tem para eles um caráter sacramental, de símbolo, de sinal. Eles experimenta a proximidade de Deus em suas vidas e são “propaganda viva” do amor de Deus.

Texto para reflexão

O matrimônio é um sinal precioso quando um homem e uma mulher celebram o sacramento do matrimônio, Deus, por assim dizer “espelha-Se” neles, imprime neles as características e o caráter indelével de seu amor. O matrimônio é o ícone do amor de Deus por nós. Com efeito, também Deus é comunhão: as três pessoas – Pai, Filho e Espírito Santo – vivem desde sempre e para sempre em unidade perfeita. É precisamente nisto que consiste o mistério do matrimônio: dos dois esposos Deus faz uma só existência. Isto tem consequências muito concretas na vida do dia a dia, porque em virtude do sacramento, os esposos são investidos de uma autêntica missão, para que possam tornar visível, a partir das realidades simples e ordinárias, o amor com que Cristo ama a Igreja, continuando a dar a vida por ela.

Papa Francisco, Amoris Laetitia, n. 121


FREI ALMIR GUIMARÃES, OFMingressou na Ordem Franciscana em 1958. Estudou catequese e pastoral no Institut Catholique de Paris, a partir de 1966, período em que fez licenciatura em Teologia. Em 1974, voltou a Paris para se doutorar em Teologia. Tem diversas obras sobre espiritualidade, sobretudo na área da Pastoral familiar. É o editor da Revista “Grande Sinal”.

 

Alegria e amor

José Antonio Pagola

Segundo o evangelista João, Jesus foi realizando sinais para dar a conhecer o mistério encerrado em sua pessoa e para convidar as pessoas a acolher a força salvadora que trazia consigo. Qual foi o primeiro sinal? O que é o primeiro que vamos encontrar em Jesus?

O evangelista nos fala de uma festa de casamento em Caná da Galileia, uma pequena aldeia de montanha, a quinze quilômetros de Nazaré. Mas a cena tem um caráter claramente simbólico. Nem a esposa nem o esposo têm rosto: não falam nem atuam. O único importante é um “convidado” que se chama Jesus.

Na Galileia, o casamento era a festa mais esperada e querida entre as pessoas do campo. Durante vários dias, familiares e amigos acompanhavam os noivos comendo e bebendo com eles, dançando danças próprias de casamento e cantando canções de amor. De repente, a mãe de Jesus o faz notar algo terrível: “Eles não têm mais vinho”. Como vão prosseguir cantando e dançando?

O vinho é indispensável num casamento. Para aquela gente o vinho era, além disso, o símbolo mais expressivo do amor e da alegria. Já dizia a tradição: “O vinho alegra o coração”. A noiva o cantava a seu amado num belo canto de amor: “Teus amores são melhores do que o vinho”. O que pode ser um casamento sem alegria e sem amor? O que se pode celebrar com o coração triste e vazio de amor?

No pátio da casa há seis talhas de pedra”. São enormes. Estão “colocadas ali” de maneira fixa. Nelas se guarda a “água” para as purificações. Representam a piedade religiosa daqueles camponeses que procuram viver “puros” diante de Deus. Jesus transforma a água em vinho. Sua intervenção vai introduzir amor e alegria naquela religião. Esta é sua primeira contribuição.

Como podemos pretender seguir a Jesus sem cuidar mais da alegria e do amor entre nós? O que pode haver de mais importante que isto na Igreja e no mundo? Até quando poderemos conservar em “talhas de pedra” uma fé triste e aborrecida? Para que servem todos os nossos esforços, se não somos capazes de introduzir amor em nossa religião? Nada pode ser mais triste do que dizer de uma comunidade cristã: “Não têm mais vinho”.


JOSÉ ANTONIO PAGOLA cursou Teologia e Ciências Bíblicas na Pontifícia Universidade Gregoriana, no Pontifício Instituto Bíblico de Roma e na Escola Bíblica e Arqueológica Francesa de Jerusalém. É autor de diversas obras de teologia, pastoral e cristologia. Atualmente é diretor do Instituto de Teologia e Pastoral de São Sebastião. Este comentário é do livro “O Caminho Aberto por Jesus”, da Editora Vozes.

 

Nosso casamento com Deus

Pe. Johan Konings

Entre Deus e o povo do Antigo Testamento, Israel, existia um pacto, uma aliança, como se fosse um casamento. Mas Israel foi infiel: por causa de presumidas vantagens materiais, correu atrás dos deuses dos povos pagãos. Isso se chama prostituição. O resultado foi que Israel caiu nas mãos desses estrangeiros. Foi levado ao cativeiro, na Babilônia: era o seu castigo. Mas agora, o profeta anuncia, em nome de Deus, a salvação. Deus vai acolher de novo sua esposa infiel, proclama a 1ª leitura.

No evangelho, Jesus, introduzido por sua mãe, torna-se presente numa festa de casamento. Na Palestina, quem oferecia a festa de casamento era o próprio noivo; mandava e desmandava. Mas, no fim da festa, sem que os convidados e nem mesmo o noivo se deem conta, Jesus toma o comando e faz servir, milagrosamente, o “vinho melhor”. É ele o verdadeiro esposo do fim dos tempos, oferecendo a abundância do vinho da alegria a quantos comparecem à sua festa (cf. Jl 14,18; Am 9,13).

Nós sentimos dificuldade em conceber a vida cristã como um casamento. Talvez porque hoje é difícil conceber um casamento de verdade … Casamento é questão de fé e de compromisso. A alegria da união amorosa para sempre não é fruto apenas de sentimentos espontâneos. Devemos crer que nossa fidelidade a Deus e Jesus Cristo é duradoura aliança de amor, que nos proporciona felicidade mais profunda do que o mais perfeito matrimônio. E para isso precisamos nos deixar amar, gostar de que Deus goste de nós. Então faremos tudo para sermos amáveis para Deus e para os seus filhos. E isso não só individualmente, mas antes de tudo como povo, como comunidade.

Será que fazemos o necessário para que a comunidade dos fiéis seja uma noiva radiante para Cristo? Quando vivermos realmente o que Cristo nos ensina, não há dúvida que a fé e comunidade cristã serão uma alegria, um preparar-se para corresponder sempre melhor a amor que Cristo nos testemunhou. Na dedicação aos nossos irmãos encarnamos o nosso amor e afeição a Cristo, que é fiel para sempre.


PE. JOHAN KONINGS nasceu na Bélgica em 1941, onde se tornou Doutor em Teologia pela Universidade Católica de Lovaina, ligado ao Colégio para a América Latina (Fidei Donum). Veio ao Brasil, como sacerdote diocesano, em 1972. Em 1985 entrou na Companhia de Jesus (Jesuítas) e, desde 1986, atua como professor de exegese bíblica na FAJE, Faculdade Jesuíta de Filosofia e Teologia, em Belo Horizonte. Este comentário é do livro “Liturgia Dominical, Editora Vozes.

Todas as reflexões foram tiradas do site www.franciscanos.org.br 

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