Segunda pregação do Advento, Catalamessa: somos companheiros de viagem rumo à eternidade

"O que “nunca passa” é, por definição, a eternidade. Devemos redescobrir a fé em um além da vida. Esta é uma das grandes contribuições que as religiões podem dar, juntamente com o esforço para criar um mundo melhor e mais fraterno", disse o frei capuchinho.


Mariangela Jaguraba - Vatican News

A segunda pregação do Advento feita pelo pregador da Casa Pontifícia, cardeal Raniero Cantalamessa, ao Papa e à Cúria Romana, realizou-se na manhã desta sexta-feira (11/12), na Sala Paulo VI, sobre o tema “Nós anunciamos a vida eterna”.

“Consolai, consolai o meu povo, diz o vosso Deus.” “Com estas palavras de Isaías começou a primeira leitura do Segundo Domingo do Advento. É um convite, na verdade um comando, perpetuamente atual, dirigido aos pastores e pregadores da Igreja. Queremos hoje receber este convite e meditar sobre o anúncio mais consolador que a fé em Cristo nos oferece”, disse o frei capuchinho.

De acordo com Cantalamessa, “a segunda ‘verdade eterna’ que a situação da pandemia trouxe à tona é a precariedade e a transitoriedade de todas as coisas. Tudo passa: riqueza, saúde, beleza, força física. É algo que todos temos diante dos olhos, todo o tempo. Basta comparar as fotos de hoje – nossas ou de personagens famosos – com as de vinte ou trinta anos atrás, para nos darmos conta. Atordoados pelo ritmo da vida, não fazemos caso de tudo isso, não nos detemos para medir as devidas consequências”.

Eis que, de repente, tudo o que dávamos por pressuposto se revelou frágil, como uma fina camada de gelo sobre a qual patinamos alegremente, que, improvisamente, rompe-se sob os pés e afundamos. “A tempestade – dizia o Santo Padre naquela memorável bênção ‘urbi et orbi’ de 27 de março passado – desmascara a nossa vulnerabilidade e deixa a descoberto as falsas e supérfluas seguranças com que construímos os nossos programas, os nossos projetos, os nossos hábitos e prioridades”.

“A crise planetária que estamos vivendo pode ser a ocasião para redescobrir, com certo alívio, não obstante tudo, um ponto firme, um terreno sólido, melhor, uma rocha, sobre a qual fundar a nossa existência terrena. A palavra Páscoa – Pesach, em hebraico – significa passagem e, em latim, traduz-se transitus. Esta palavra evoca, para si, algo de “passageiro” e de “transitório”, portanto, algo de tendencialmente negativo. Santo Agostinho percebeu esta dificuldade e a resolveu de modo iluminante. Fazer a Páscoa, explicou, significa, sim, passar, mas “passar ao que não passa”; significa “passar do mundo, para não passar com o mundo”. Passar com o coração, antes de passar com o corpo!”, disse ainda o cardeal.

O que “nunca passa” é, por definição, a eternidade. Devemos redescobrir a fé em um além da vida. Esta é uma das grandes contribuições que as religiões podem dar, juntamente com o esforço para criar um mundo melhor e mais fraterno. Ela nos faz compreender que todos somos companheiros de viagem, em caminho rumo a uma pátria comum onde não existem distinções de raça ou nação. Não temos em comum só o caminho, mas também a meta. Com conceitos e em contextos bastante diversos, esta é uma verdade comum a todas as grandes religiões, ao menos àquelas que creem em um Deus pessoal.

Para os cristãos, a fé na vida eterna não se baseia em discutíveis argumentos filosóficos acerca da imortalidade da alma. Baseia-se em um fato preciso, a ressurreição de Cristo, e sobre a sua promessa: “Na casa de meu Pai há muitas moradas. (...) vou preparar-vos um lugar. E depois que eu tiver ido preparar-vos um lugar, voltarei e vos levarei comigo, a fim de que, onde eu estiver, estejais vós também”. Para nós, cristãos, a vida eterna não é uma categoria abstrata, é mais uma pessoa. Significa estar com Jesus, “formar corpo” com ele, compartilhar do seu estado de Ressuscitado na plenitude e na alegria da vida trinitária.

“A nossa meditação de hoje sobre a eternidade não nos exime, certamente, de experimentar com todos os demais habitantes da terra a dureza da prova que estamos vivendo; deveria, porém, ao menos nos ajudar, os fiéis, a não sermos sobrecarregados por ela e a sermos capazes de infundir coragem e esperança também em quem não tem o conforto da fé”, concluiu o frei Cantalamessa.

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Traduzido do italiano por P. Ricardo Farias

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