6º Domingo do Tempo Comum

"Se queres, tu tens o poder de me purificar" - Mc 1,40.

Jesus escolhe encher-se de compaixão

 

Reflexão em Vídeo de Frei Gustavo Medella:  Caminhos do Evangelho | 6º Domingo do Tempo Comum

Frei Gustavo Medella

“Jesus, cheio de compaixão, estendeu a mão, tocou nele e disse: ‘Eu quero, fica curado!’” (Mc 1, 40-45). Diante do apelo cheio de fé e de esperança que o leproso lhe faz, Jesus escolhe se encher de compaixão. Poderia ter escolhido se encher de indiferença e ter dado de ombros para aquele homem que vagava perdido diante de seu drama. “Não é problema meu, mas seu e de seus antepassados que pecaram”, poderia dizer Jesus em consonância ortodoxa com a tradição religiosa à qual pertencia. Certamente não seria tachado de herege. Poderia ainda optar por encher-se de legalismo e, contemplando naquela figura abjeta a encarnação da impureza, rechaçar sua presença e ordenar que se afastasse imediatamente. Estaria cumprindo o stricto senso da lei.

O Filho de Deus, no entanto, prefere encher-se de compaixão. Sabe enxergar naquele que sofre um irmão de caminhada, alguém que precisa da mão estendida para que possa se reerguer. Dentre a imensa gama de posturas e sentimentos humanos, Jesus escolhe a misericórdia, aquela porta estreita que permite à pessoa se tornar um pouco mais parecida com Aquele que é Todo Bondade. Não é um olhar de pena, mas uma postura ativa de reconhecer a dignidade do outro e de fazer de tudo para que este outro se reencontre como filho amado de Deus.

Em tempos de polêmicas inúteis e vazias, quando grupos que se dizem católicos preferem encher-se de arrogância, de ódio e de espírito de divisão, mais uma oportunidade o Mestre nos oferece de percorrermos o caminho da compaixão. Por que tanta teimosia e resistência em agir da maneira que Jesus propôs? Por que insistir nas fórmulas arbitrárias de se conceber a fé e a religião? Será que estes cristãos se esquecem que foram estas fórmulas condenatórias e arrogantes que levaram Aquele a quem dizem seguir à morte na cruz? A compaixão é que vai nos salvar.


FREI GUSTAVO MEDELLA, OFM, é o atual Vigário Provincial e Secretário para a Evangelização da Província Franciscana da Imaculada Conceição. Fez a profissão solene na Ordem dos Frades Menores em 2010 e foi ordenado presbítero em 2 de julho de 2011.

 

6º Domingo do Tempo Comum

Reflexão do exegeta Frei Ludovico Garmus

 Oração: “Ó Deus, que prometestes permanecer nos corações sinceros e retos, dai-nos, por vossa graça, viver de tal modo, que possais habitar em nós”.

  1. Primeira leitura: Lv 13,1-2.44-46

O leproso deve ficar isolado e morar fora do acampamento.

O livro do Levítico reserva dois capítulos (Lv 13–14) para tratar da “lepra”, doença que nem sempre era a nossa conhecida hanseníase, mas incluía qualquer doença da pele. Hoje a hanseníase é tratável e curável. Nos tempos bíblicos, a pessoa suspeita de ter contraído “lepra” era submetida e rigorosos exames feitos pelos sacerdotes. Uma vez “confirmada” a doença, a pessoa era segregada do convívio familiar e da comunidade. Se tivesse que entrar ou passar por um núcleo habitacional, devia avisar por meio de algum ruído ou gritar “impuro! Impuro”! Em caso de ter sido curada a doença de pele, o paciente devia reapresentar-se aos sacerdotes e passava por novos exames que comprovassem a cura e, por meio de ritos e sacrifícios, era readmitido ao convício da família e da comunidade. Havia, portanto, cuidado com os “leprosos” por motivos sanitários e religiosos. Hoje, pensamos logo nos preconceitos de origem racial, social, religiosa e ideológica, talvez até maiores do que os preconceitos contra hansenianos e portadores do HIV etc. 

Salmo responsorial: Sl 31

Sois, Senhor, para mim, alegria e refúgio.

  1. Segunda leitura: 1Cor 10,31–11,1

Sede meus imitadores, como também eu o sou de Cristo.

A linda exortação de Paulo conclui as respostas que Paulo dá às perguntas que os cristãos de Corinto lhe faziam: pode-se participar ou não de banquetes religiosos pagãos, que eram também festas civis (1Cor 8)); pode-se comer carnes de animais sacrificados aos ídolos e vendidas no mercado (1Cor 10,23-30). Paulo estabelece dois princípios: como os ídolos não existem, o cristão é livre de comer ou não tal carne; mas nunca deve escandalizar um cristão que pensa diferente, que têm “consciência fraca”. E estabelece um princípio geral: “Quer comais, quer bebais, quer façais qualquer outra coisa, fazei tudo para a glória de Deus”. Isso não acontecerá se, com minha liberdade, escandalizo o meu irmão. Paulo apresenta-se como exemplo: em tudo o que faz não procura o bem próprio, mas o dos outros, para que todos sejam salvos.

Aclamação ao Evangelho

  Um grande profeta surgiu, surgiu e entre nós se mostrou:

            É Deus que seu povo visita, seu povo, meu Deus visitou!

  1. Evangelho: Mc 1,40-45

A lepra desapareceu e o homem ficou curado.

Em Israel, quem sofria de “lepra” era duplamente discriminado: pela própria doença e pela exclusão da comunidade prevista pela Lei (1ª leitura). Quando possível, os leprosos viviam em grupos (cf. Lc 17,11-19) e eram alimentados pelos parentes ou por pessoas bondosas. Ninguém podia tocá-los para não se tornar “impuro”. Portanto eram vítimas de sofriam dura discriminação.

Ao aproximar-se de Jesus, o leproso transgride a Lei. Não suportava mais o isolamento e a exclusão. Queria ser reintegrado na família e na comunidade. Mas, para isso devia provar que estava curado, como exigia a Lei. Tinha, porém, uma profunda confiança em Jesus, que possuía o poder de curá-lo. Por isso, ajoelhado aos pés de Jesus, lhe suplica: “Se queres, tens o poder de curar-me”. O leproso deu o primeiro passo, transgredindo a Lei. Jesus, por sua vez, também transgrede a Lei para usar de seu poder de curar o leproso. Movido pela compaixão, Jesus toca o leproso com a mão (gesto proibido) e transforma em realidade o desejo do leproso: “Eu quero, fica curado”! Jesus, porém, proíbe-lhe de fazer propaganda. A proibição faz parte do “segredo messiânico” de Marcos, pois o Cristo vai se revelando aos poucos e, plenamente, apenas pela cruz e a ressurreição. Ao mesmo tempo, Jesus ordena que o leproso curado se apresente aos sacerdotes, conforme o exigido pela Lei. Somente eles podiam reconhecer oficialmente a cura e readmitir a pessoa no seio da família e da comunidade. Mas o fato de o leproso curado retornar à comunidade, tornou sem efeito a proibição de não divulgar a cura. Todo mundo ficou sabendo do fato milagroso. Jesus, porém, procura retirar-se para lugares desertos. Mesmo assim, o povo o procurava.

A palavra do leproso “se queres” e a resposta de Jesus “quero” são um convite a rever as atitudes de discriminação e exclusão que praticamos, às vezes, sem o perceber. Por outro lado, na pandemia do coronavírus fomos forçados ao isolamento social para evitar o contágio e preservar a vida de outras pessoas. A pandemia tornou insustentável a escandalosa desigualdade entre uma minoria de ricos e a imensa maioria de pobres e excluídos. Deus quer que todos tenham uma vida mais saudável sob o ponto de vista físico, social e espiritual. Cabe a nós querermos o que Deus quer: “Eu vim para que tenham vida em abundância” (Jo 10,10).


FREI LUDOVICO GARMUS, OFMé professor de Exegese Bíblica do Instituto Teológico Franciscano de Petrópolis (RJ). Fez mestrado em Sagrada Escritura, em Roma, e doutorado em Teologia Bíblica pelo Studium Biblicum Franciscanum de Jerusalém, do Pontifício Ateneu Antoniano. É diretor industrial da Editora Vozes e editor da Revista “Estudos Bíblicos”, editada pela Vozes. Entre seus trabalhos está a coordenação geral e tradução da Bíblia Sagrada da Vozes.

 

O inferno da solidão

Frei Clarêncio Neotti

É a primeira vez que Marcos fala de lepra no seu Evangelho. A primeira leitura de hoje (Lv 13,1-2.45-46) ilustra a sorte do leproso: exclusão da comunidade (não podia permanecer em casa ou perto de casa ou dentro dos muros da cidade ou à beira dos caminhos). Talvez o estar condenado ao inferno da solidão fosse pior que a própria lepra. Mas havia coisa ainda pior: a mentalidade unia, tão estreita e interdependentemente, corpo e alma que uma doença do corpo, necessariamente, seria consequência, ou ao menos reflexo, de uma fraqueza moral. E como a lepra era considerada a pior das doenças (porque desfazia a carne do corpo, tornando-se, praticamente, sinônimo de morte), o leproso não só era condenado ao deserto da solidão imposta pela sociedade, mas também era considerado para sempre maldito por Deus. Ou seja, morto para a sociedade (e seu nome era retirado da lista dos habitantes da vila) e morto, sem esperança, para Deus.

Curar um leproso significava arrancá-lo da morte social e da morte religiosa, ou seja, significava ressuscitá-lo dos mortos. E como só Deus é capaz de ressuscitar um morto, curar um leproso entra na lista do poder divino, das obras que só Deus pode fazer.


FREI CLARÊNCIO NEOTTI, OFMentrou na Ordem Franciscana no dia 23 de dezembro de 1954. Durante 20 anos, trabalhou na Editora Vozes, em Petrópolis. É membro fundador da União dos Editores Franciscanos e vigário paroquial no Santuário do Divino Espírito Santo (ES). Escritor e jornalista, é autor de vários livros e este comentário é do livro “Ministério da Palavra – Comentários aos Evangelhos dominicais e Festivos”, da Editora Santuário.

 

Os excluídos

Frei Almir Guimarães

♦ Marcos em seu relato menciona a cura de um leproso. Jesus atravessa uma região despovoada. De joelhos, o doente se aproxima dele e pede que o limpe. Ninguém o acompanha. Vive em completa solidão. Na sua pele se vê a marca de sua exclusão. A sociedade o exclui. É um ser impuro.

♦ A primeira leitura desta nossa liturgia fala precisamente das leis do Antigo Testamento concernentes precisamente à lepra: “Todo homem atingido pela lepra terá suas vestes rasgadas e a cabeça descoberta, cobrirá a barba e clamará: Impuro! Impuro!” Exclusão. Concepção da época, um castigo do céu.

♦ Inclusão e exclusão são duas palavras que circulam em nosso hodierno vocabulário. Neste vasto mundo há cenas terríveis de exclusão noticiadas ou não pelos meios de comunicação. Há uma grande dificuldade de se aceitar e de dividir com o outros. Individualismo mal sadio. Falta hospitalidade e acolhida. Sempre os humanos foram egoístas e esqueceram que nossos corações precisam bater em uníssono com irmãs e irmãos do planeta terra. Procuramos viver com as pessoas que pensam como nós, que frequentam nossos ambientes, nossos “clubes” e nos passam segurança. Buscamos nosso recinto seguro. Não fazemos questão de encurtar as distâncias. “Uma sociedade fechada é uma sociedade sem futuro, uma sociedade que mata a esperança de vida dos marginalizados e que finalmente se afunda a si mesma” (Jürgen Montmann).

♦ O tema está exposto com clareza nestas linhas do Missal Dominical da Paulus comentando os banidos de hoje: “Os leprosos de hoje são os que vivem nos barracos das favelas das cidades ricas e opulentas, são os fracassados, os desempregados das cidades industriais, os jovens drogados, todas as vítimas de um civilização do consumo e do sucesso; são as crianças excepcionais, retardadas nas quais a sociedade não pensa porque não produzem e são um peso; são os anciãos que “esperam”, sem esperança, a morte num isolamento e numa inércia que frustra e degrada… são os encarcerados “rotulados” mesmo depois de pagarem a sua pena” (p.900).

♦ Jesus experimenta compaixão pelo leproso. Quer dizer sente a dor desse ser em pedaços. Para. Estende a mão e o toca, sem medo. Tudo isso lembra um episódio na vida de São Francisco. Jovem fino, delicado, experimentava dissabor profundo em ver leprosos. Sentia náuseas e deles se afastava. O Altíssimo lhe deu a força e ele achegou-se a esse ser mal cheiroso e em decomposição. No seu Testamento lemos: “Foi assim que o Senhor concedeu a mim, Frei Francisco, começar a fazer penitência: como eu estivesse em pecados, parecia-me sobremaneira amargo ver leprosos. E o próprio Senhor me conduziu entre eles e fiz misericórdia com eles. E afastando-me deles, aquilo que me parecia amargo se me converteu em doçura da alma e do corpo; e depois demorei só um pouco e saí do mundo”. Para Francisco o encontro (o beijo, o abraço) foi uma adesão ao mundo dos excluídos. Foi a mudança de sua vida. Depois disto ele deixou a maneira mundana de ver as coisas.


Texto para reflexão

Os leprosos no tempo de São Francisco

Havia uma legião dessas pessoas aleijadas e pobres, não apenas os que sofriam de lepra propriamente dita, mas também dos efeitos disseminados do consumo de grãos contaminados, em consequência da fome. Entre tais efeitos estavam os eczemas e a herpes, os cânceres de pele e a putrefação dos membros, úlceras faciais e cegueira (…). As pessoas portadoras de horrendas deformidades tinham que viver em seu grupo, proibidas de entrar nas vilas e cidades e impedidas de ter qualquer contato com o restante da sociedade. Quando se arrastassem pelas estradas ou se aproximassem das cidades a fim de pedir esmolas, tinham que cobrir-se com seus miseráveis andrajos, que pouco serviam para abafar o pavoroso mau cheiro que emanava das feridas supuradas; a lei também os obrigava a soar matracas ou sinetas para avisar de sua proximidade. Todos se distanciavam dos leprosos, pois a afecção era considerada contagiosa e sinal terrivelmente pecaminoso” (Francisco de Assis. O santo relutante, Donald Spoto, Objetiva, p. 100-101).


Breve prece

Quando teus filhos não compreendem mais, Senhor,
ou quando se revoltam, faze com que ouçam tua voz
e voltem para ti.
Por Cristo, nosso Senhor. Amém


FREI ALMIR GUIMARÃES, OFMingressou na Ordem Franciscana em 1958. Estudou catequese e pastoral no Institut Catholique de Paris, a partir de 1966, período em que fez licenciatura em Teologia. Em 1974, voltou a Paris para se doutorar em Teologia. Tem diversas obras sobre espiritualidade, sobretudo na área da Pastoral familiar. É o editor da Revista “Grande Sinal”.

 

O contato com os marginalizados

José Antonio Pagola

Quando o único afã das pessoas é ver-se livres de todo sofrimento, torna-se insuportável o contato direto com a marginalização e a miséria dos outros. Por isso explica-se que muitos homens e mulheres se esforcem por defender sua pequena felicidade, evitando toda relação e contato com os que sofrem.

A proximidade da criança mendiga ou a presença do jovem drogado nos perturba e molesta. É melhor manter-se o mais longe possível. Não deixar-nos contagiar ou manchar pela miséria. Privatizamos nossa vida, cortando todo tipo de relações vivas com o mundo dos que sofrem, e nos isolamos em nossos próprios interesses, tornando-nos cada vez mais insensíveis ao sofrimento dos marginalizados.

Os observadores detectam na sociedade ocidental um crescimento da apatia e da indiferença diante do sofrimento dos outros. Aprendemos a defender-nos atrás das cifras e das estatísticas que nos falam da miséria no mundo e podemos calcular quantas crianças morrem de fome a cada minuto sem que nosso coração se comova demais.

O afamado economista J.K. Galbraith falou da crescente “indiferença diante do Terceiro Mundo”. De acordo com suas observações, o aumento da riqueza nos países poderosos fez aumentar a indiferença para com os países pobres. “A medida que aumenta a riqueza poder-se-ia ter esperado que aumentasse a ajuda a partir da existência de recursos cada vez mais abundantes. Mas eis que diminuiu a preocupação pelos pobres tanto nos Estados Unidos como no resto do mundo rico”.

A atitude de Jesus para com os marginalizados de seu tempo resulta especialmente interpeladora para nós. Os leprosos são segregados da sociedade. Tocá-los significa contrair impureza e o correto é manter-se longe deles, sem contaminar-se com seu problema nem com sua miséria. No entanto, Jesus não só cura o leproso, mas o toca. Restabelece o contato humano com aquele homem que foi marginalizado por todos.

A sociedade continuará erguendo fronteiras de separação para os marginalizados. São fronteiras que para nós, os seguidores de Jesus, só nos indicam as barreiras que precisamos atravessar para aproximar-nos dos países empobrecidos e dos irmãos marginalizados.


JOSÉ ANTONIO PAGOLA cursou Teologia e Ciências Bíblicas na Pontifícia Universidade Gregoriana, no Pontifício Instituto Bíblico de Roma e na Escola Bíblica e Arqueológica Francesa de Jerusalém. É autor de diversas obras de teologia, pastoral e cristologia. Atualmente é diretor do Instituto de Teologia e Pastoral de São Sebastião. Este comentário é do livro “O Caminho Aberto por Jesus”, da Editora Vozes.

 

O Messias e os marginalizados

Pe. Johan Konings

A exclusão está na moda, virou princípio de organização socioeconômica: a lei do mercado, da competitividade. Quem não consegue competir, desapareça. Quem não consegue consumir, deve sumir. Escondemos favelas por trás de paredões ou placares de publicidade. Que os feios, os aleijados, os idosos, os aidéticos não poluam os nossos cartões postais!

Em tempos idos, a exclusão muitas vezes provinha da impotência ou da superstição. Assim, a exclusão dos cegos e coxos do templo de Jerusalém. Ou a marginalização dos leprosos, ilustrada abundantemente em Lv 13-14 (cf. 1ª leitura). Enquanto não se tivesse constatado a cura por um complicado ritual, o leproso era considerado impuro, intocável. Jesus, porém, toca no leproso – e o cura (evangelho). É um sinal do Reino de Deus. Jesus torna o mundo mais conforme ao sonho de Deus. Pois Deus não deseja sofrimento nem discriminação. O Antigo Testamento pode não ter encontrado outra solução para esses doentes contagiosos que a marginalização; mas Jesus mostra que um novo tempo começou.

Começou, mas não terminou. Reintegrar os marginalizados não foi uma fase passageira no projeto de Deus, como os benefícios que os políticos realizam nas vésperas das eleições. O plano messiânico continua através do povo messiânico, como se concebe a Igreja. Devemos continuar inventando, quando pudermos, soluções contra toda e qualquer marginalização. Pois somos todos irmãos e irmãs.

Seremos impotentes para excluir a exclusão, como os antigos israelitas em relação à lepra? Que fazer com os criminosos, viciados no crime? Será nosso mundo tão bom que possa reintegrar tais pessoas, sem que se enrosquem de novo? O fato de ter de marginalizar alguém é um reconhecimento da não-perfeição de nossa sociedade. Toda forma de marginalização é uma denúncia contra nossa sociedade, e ao mesmo tempo um desafio. Isso é muito mais ainda o caso em se tratando de pessoas inocentes. A marginalização é sinal de que não está acontecendo o que Deus deseja. Onde existe marginalização, o Reino de Deus ainda não chegou, pelo menos não completamente. E onde chega o Reino de Deus, a marginalização não deve mais existir. Por isso, Jesus reintegra os marginalizados, como é o caso do leproso, dos pecadores, dos publicamos, prostitutas…. Essa reintegração está baseada no poder-autoridade que Jesus detém como enviado de Deus: “Se quiseres, tens o poder de me purificar” (Mc 1,40). Jesus passa por cima das prescrições levíticas, toca no leproso e o “purifica” por sua palavra em virtude da autoridade que lhe é conferida como “Filho do Homem” (= “executivo” de Deus, cf. Mc 2, 10.28).

Há quem pense que os mecanismos autorreguladores do mercado são o fim da história e a realização completa da racionalidade humana. E os que são (e sempre serão) excluídos por esse processo, onde ficam? Não será esse raciocínio o de um varejista que se imagina ser o criador do universo? A liturgia de hoje nos mostra um outro caminho, o de Jesus: solidarizar-se com os marginalizados, os excluídos, tocar naqueles que a “lei” proíbe tocar, para reintegrá-los, obrigando a sociedade a se abrir e a criar estruturas mais acolhedoras. Mais messiânicas.


PE. JOHAN KONINGS nasceu na Bélgica em 1941, onde se tornou Doutor em Teologia pela Universidade Católica de Lovaina, ligado ao Colégio para a América Latina (Fidei Donum). Veio ao Brasil, como sacerdote diocesano, em 1972. Em 1985 entrou na Companhia de Jesus (Jesuítas) e, desde 1986, atua como professor de exegese bíblica na FAJE, Faculdade Jesuíta de Filosofia e Teologia, em Belo Horizonte. Este comentário é do livro “Liturgia Dominical, Editora Vozes.

 

Todas as reflexões e vídeo foram tirados do site: https://franciscanos.org.br/

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